Sobre a Manifestação, por Leo Pereira

Assista aqui a matéria sobre a Manifestação no G1

De quem partiu a iniciativa da manifestação?

1) A iniciativa foi do Forum Permanente de Cultura de Goiás, movimento que busca congregar todos os artistas e entidades representativas de artistas e trabalhadres da cultura (produtores, técnicos, outros) para defender os direitos e interesses da classe. No ano passado realizamos o 1 de Abril em defesa de 5% Já para os fundos federal, estadual e municipal de cultura; Arte é trabalho; Cultura é prioridade, além de nos manifestarmos em desagravo ao corte de verbas na Ley Goyazes.

Qual era o objetivo da passeata?

2) O objetivo foi reafirmar a data e as bandeiras do 02 de abril 2012 (5% Já, Arte é Trabalho, Cultura é Prioridde) e manifestar em desagravo aos crimes ocorridos na Secretaria Municipal de Cultura, pois a classe há muito vem avisando os gestores, inclusive o prefeito Paulo Garcia, daquela situação e as providências tardaram ou foram negligenciadas com posturas inclusive de desdém em relação aos artistas e ao Forum.

O que vocês pediram?

3) Nossas reinvidicações estão expressas no Manifesto em Defesa do Trabalhador da Arte e da Cultura, lançado no 1 de Abril de 2011, além de pautas emergenciais, como o caso dos crimes ocorridos na Secretaria Municipal de Cultura, onde os maiores prejudicados foram os artistas e a própria população, pois o dinheiro público que devia ser aplicado no trabalho artístico foi desviado grosseiramente nas barbas dos gestore e dos controladores da Prefeitura de Goiânia por vários anos seguidos, enquanto eles diziam não ter dinheiro para pagar caches de artistas. Pediomos lisura na aplicação dos recursos públicos e justiça: pois entendemos que os artistas lesados devem ser ressarcidos com o recebimento dos caches relativos ao trabalhos que realizaram (quando outros receberam em seus nomes.

Cerca de quantas pessoas participaram?

4) Cerca de 100 pessoas entre artistas e representantes de entidades do teatro, da múscia, do cinema, da dança, das artes pláticas, do circo, das escolas de samba e da cultura popular.

Qual foi o trajeto?

5) Da praça do Bandierante, passando pelo palácio do Governo, até a Secult Municipal.

Tem alguma outra ação programada?

6) Estamos amadurecendo uma ação para o 1 de maio.

SEGUNDA MANIFESTAÇÃO DO “DIA DA VERDADE”


Cultura, do latim “colere”, significa cultivar. Entre os povos romanos, esse termo era comumente usado na agricultura, referindo-se ao cultivo da terra para a produção do alimento. Alimento que nos mantém vivos, a Cultura pode ter tantos significados quanto a imaginação possa criar. Em 1952, os antropólogos Alfred Kroeber e Clyde Kluckhohn apresentaram cerca de 167 definições diferentes para Cultura, mas podemos, de uma forma mais simples, definí-la como “todo o complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”.

Nessa segunda-feira, dia dois, os Artistas, Grupos e Associações Culturais que compõem o Fórum Permanente de Cultura saíram às ruas para a Segunda Passeata do Dia da Verdade. A tarde chuvosa tentava nos dizer que aquela não seria uma boa hora para estarmos ali, mas a chuva, que parecia muita para os que passavam pela praça do Bandeirante, onde nos reunimos para o início da passeata, não foi suficiente para esfriar os nossos ânimos. Quando muito, refrescou as mentes e os corpos de todos que, contrários ao infeliz motivo desse encontro, se embalavam nas batidas da bateria que não cessou, mesmo quando os suaves pingos da garoa, que persistia tarde a dentro, tiveram a ousadia de tomar a força de uma chuva de verão, digna de ventos fortes o bastante para levantar as saias das moças desprevenidas. E, nesse clima de tarde chuvosa, com poucos espectadores caminhando pelas ruas, o Cortejo seguiu em direção ao seu destino: a Secretaria Municipal de Cultura. Passando pelo Centro Administrativo, sede do governo estadual, não poderíamos deixar de dar uma paradinha para dizer que “não nos esquecemos” e que estamos de olho. Ao chegarmos na Secretaria Municipal de Cultura, o destino da manifestação, fomos logo recebidos por três viaturas da Guarda Municipal. Os guardas, que não podem portar armas de fogo, saíram das viaturas desfilando suas temidas armas “Taser”, com pose de quem espera um único movimento brusco para fazer jus ao seu salário miserável. Aqueles homens de fardas pretas, e caras de quem não está para conversa, diziam claramente, com seus olhares, que não éramos bem vindos naquele lugar. Mas eles não precisariam estar ali para sabermos disso.

O Fórum Permanente de Cultura foi a primeira entidade a denunciar os desvios de verba pública da gestão Kleber Adorno. As provas que, de longe, não são poucas, vêm se acumulando desde 2005, quando foram descobertos os primeiros desvios. Até as últimas informações que tivemos acerca do Inquérito, foram desviados, pelas cinco empresas ligadas, direta ou indiretamente, aos servidores da Secult, quatro milhões e setecentos mil reais, através de projetos como o Revirada Cultural, o Goiânia Canto de Ouro, o Segunda Aberta, o Grande Hotel Vive o Choro, o CIEMA e o FestCine nas Escolas. Em alguns desses projetos, a quadrilha fazia uso dos nomes dos artistas em falsificações grosseiras de documentos de prestação de serviços, dos quais os artistas tiveram conhecimento apenas após serem convocados para prestar depoimento na Derccap.

Fazer Cultura é pertencer a um meio, cultivando seu passado, à partir das suas raízes e gerando novos frutos pelo conhecimento do presente. Para existirmos, não basta termos consciência do “ser” que somos, mas é preciso “pertencer” ao meio, compartilhando o ser. Cultura é a transformação do meio social, recriando o novo a partir do velho, dando nova forma ao que, antes, fora formado. Sendo o homem elemento central de toda Cultura, é o produto do meio e o meio da produção, é sujeito e objeto da sua própria criação.

Ao se afastar da Secretaria, Kleber Adorno indicou, como seu substituto, o maestro Joaquim Jaime. Um velho amigo sempre presente em todas as suas gestões, o Maestro afirmou que estaria ocupando “temporariamente” a pasta, pois tinha a certeza de que o ex-Secretário voltaria a ocupá-la. Kleber Adorno, que é escritor, guarda no curriculum polêmicas no mínimo assustadoras, como o caso de “plágio” em sua tese de doutorado, que o levou a ser acusado de ter “comprado a tese”. Sua gestão foi marcada por uma ausência de diálogos com os realizadores culturais, por uma relação clientelista e pela permanência constante de um pequeno grupo de beneficiados, como o caso de Doracino Naves, que foi contemplado com três projetos na Lei Municipal de Incentivo à Cultura quando presidia a Comissão de Seleção de Projetos e, no ano seguinte, foi indicado por Kleber para ocupar a pasta em seu lugar, num continuismo vicioso e alienador, o qual não deve apenas ser combatido, mas erradicado.

Cultura é Identidade. Está presente em todos os valores de um povo, nos significados compreendidos por cada indivíduo, na leitura do seu olhar, no ton da sua fala, no seu jeito de vestir. A Cultura está impregnada na alma de cada ser social. Valorizar a Cultura é garantir a continuidade da “Marca” de um povo. Cada cidadão tem o direito e o dever de garantir a permanência e a difusão da Cultura do seu povo. O Fórum Permanente de Cultura é uma ferramenta de luta pela democratização das nossas Gestões Culturais buscando, nos três poderes do Estado Democrático de Direito, a implantação e a manutenção de novas Políticas Públicas para a Cultura no estado de Goiás. Participe você também.

Warcelon Duque

MANIFESTAÇÃO

” Convocatória 02 de Abril
FÓRUM PERMANENTE DE CULTURA DE GOIÁS

Pela Cultura
Contra a corrupção

Pela Arte
Pela Educação

Os poderes municipal, estadual e federal ainda não reconheceram a arte e a cultura como atividades humanas prioritárias; e portanto geradoras de trabalho e de uma nova economia: limpa, saudável, regada na convivência e na construção liberta do conhecimento.

Os constantes cortes de orçamento e o descaso nas relações para contratação dos trabalhadores da cultura provam que arte, para os poderes, é algo considerado “menor” ou irrelevante.

Nós, artistas e trabalhadores da cultura não concordamos com tal premissa e devolvemos que o que avacalha uma melhor aplicação das verbas públicas é o desrespeito, a desfaçatez e a corrupção.

De resto, estamos em manifestação: Defendemos 5% já para os fundos municipal, estadual e federal; arte é trabalho; cultura é prioridade.

Marcha contra a corrupção:

Pela saúde
Contra a corrupção

Pela Arte
Pela exaltação

Dia 02 de Abril
Concentração a partir das 14 horas na Praça do Bandeirante
Saída às 16 horas até a Secult Municipal

Pela Avenida Goiás
Pela tradição ”

Por Leo Pereira

 

Publicado no Jornal O Popular, 21 de março de 2012

Secult Goiânia

Contratos sob suspeita

Inquérito apura desvio de dinheiro que deveria ser pago como cachê para artistas

Rodrigo Alves
20 de março de 2012 (terça-feira)

Cachês artísticos que, segundo notas emitidas pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult Goiânia), custavam aos cofres públicos até R$ 8 mil por artista a cada apresentação, mas que, na prática, eram pagos em valores de no máximo R$ 1 mil. O restante do dinheiro, ao que tudo indica, ficava para a empresa contratante que detinha a exclusividade imposta pela própria secretaria, em suposto esquema de beneficiamento envolvendo o alto escalão do órgão municipal. Essas supostas irregularidades estão sendo investigado pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra a Administração Pública (Dercap), que abriu inquérito para apurar o caso, como mostrou O POPULAR na edição de ontem.

Para a delegada-adjunta Érica Botrel Teixeira, que conduz as investigações, não há dúvida de que este dinheiro ficava com as empresas – cinco no total, conforme consta nos autos. Elas eram ou ainda são ligadas a pessoas como o ex-diretor financeiro da Secult, Wilson Ribeiro da Costa, e o ex-assessor jurídico da pasta, João Batista Cordeiro da Silva, ou a “laranjas”, segundo a delegada. Ela diz ainda que não há dúvida de que este esquema era feito com o conhecimento do ex-secretário Kleber Adorno, que pediu afastamento do cargo na última sexta-feira, quatro dias depois de prestar depoimento à Dercap, segundo ele, para colaborar com as investigações.

O medo de não fechar mais contratos com a Prefeitura para apresentações em eventos como o Goiânia Canto de Ouro, Revirada Cultural, Festcine e Goiânia em Cena teria feito com que boa parte do artistas contratados não se opusesse ao esquema. Desde o ano passado, O POPULAR vinha relatando alguns dos indícios das acusações de estelionato e formação de quadrilha que agora viraram caso de polícia, mas raros eram os artistas procurados que não demonstravam receio de falar obre o assunto. “Somente alguns (artistas) mais ‘espertinhos’ não aceitaram os valores abaixo do declarado e recebiam o dinheiro por outra vias”, relata a delegada Érica Botrel Teixeira.

Os indícios que levam à suspeita da existência de um esquema de beneficiamento estão no fracionamento ilícito dos valores dos serviços prestados, como montagem de palco, iluminação e equipamento de som pelas empresas, sem licitação, além da já mencionada contratação de artistas, que seriam coagidos a assinar com exclusividade com as empresas citadas no inquérito.

Os valores máximos que envolvem essas transações giram em torno dos R$ 8 mil, valor que aparece em várias ocasiões, mas no total somam montantes altos que, reunidos, exigiriam licitação. Kleber Adorno, Wilson Ribeiro e João Batista Cordeiro negam que houve fraudes nas contratações.

A delegada informou ontem também ao POPULAR que mais dois contratos de serviços artísticos de R$ 950 mil cada um, em 2010 e 2011, com a Secretaria Municipal de Educação fazem parte de outro inquérito policial correlato aos casos da Secult. “Os contratos também envolvem a empresa ligada ao senhor Wilson Ribeiro da Costa, ex-diretor administrativo da Secretaria de Cultura, e foram realizados sem licitação com a Secretaria de Educação.” Os recursos, porém, são oriundos da pasta da Educação e não do Fundo de Apoio à Cultura e do orçamento direto da Secult, como nos outros casos.

Constrangimento

A reportagem ouviu de uma artista da cidade, que prefere não se identificar, que há cerca de um ano ela foi informada que a Secult Goiânia estava recrutando grupos artísticos para participar de apresentações em projetos culturais da Prefeitura. “Lembro que era perto do final do prazo. Me deram o endereço físico do ONG Pro Educar, que está em nome de Amadeu Lettieri, mas quando cheguei lá o local parecia um deposito abandonado. Ele não estava lá, só estava uma secretaria que deu o contrato para ser assinado. Era uma situação constrangedora. Cheguei em casa e comecei a chorar”, conta.

Desconfiada, ela pediu a cópia do documento e deixou telefone de contato. “Acabei desistindo depois de analisar bem e achar muito estranho”, explica ela, que apresentou a cópia do documento à reportagem. De acordo com o delegada Érica Botrel, a Pro Educar está entre as empresas/entidades que estão sendo investigadas no inquérito instaurado há dois meses e que agora veio a público.

Entre os documentos que estão sendo reunidos como provas para mostrar como o esquema funcionaria, estão orçamentos falsificados grosseiramente. Uma das produtoras que teve o nome usado indevidamente e sem permissão nos documentos falsificados que, segundo a polícia, devem ter sido forjados dentro da própria secretaria, pertence ao cantor e compositor Fausto Noleto. “O trabalho chega a ser grotesco. O layout usado nos três documentos que vi na delegacia, de empresas diferente, são todos iguais. É uma situação desprezível”, indigna-se ele, um dos convocados a depor no caso.

O músico recorda-se que há cerca de três anos fez uma proposta à Secult para um projeto cultural no Mercado Central, da Rua 74, como pessoa física, mas que foi completamente ignorado. Ele acredita que o interesse da secretaria sempre foi fazer contratos como pessoas jurídicas. Noleto lembra ainda que até hoje muitos dos artistas que participaram de eventos municipais como o Goiânia em Cena, Revirada Cultural e Festcine ainda não receberam cachês que deveriam ter sido pagos no ano passado, como O POPULAR também mostrou há duas semanas. A reportagem apurou que o orçamento da Secult no ano passado foi insuficiente para quitar essas dívidas.

 

ARTE É MANIFESTO! FÓRUM É SUPRAPARTIDÁRIO!

Por Leo Pereira, Poeta e Dramaturgo

Parece que os poderes não reconheceram como legítima nossa manifestação no 1º de abril do ano passado. No entanto, não há nada mais prioritário que a arte. Arte produz saúde. Arte produz educação, cultura, conhecimento liberto. Arte é posicionamento filosófico e, sendo assim, é a forma mais bela de se exercer a política. A arte não é maior que a política, mas também não é menor. A arte tem o tamanho da política e a política também não é necessariamente hipócrita, como tem sido. Ambas, arte e política, são exercícios da filosofia, e portanto praxis humanas. É hora de virar a mesa e marchar de novo para vencer o preconceito com a Arte e dizer em alto tom de criatividade e simplicidade: ARTE É TRABALHO!

CULTURA É PRIORIDADE!

5% JÁ! PARA OS FUNDOS MUNICIPAL, ESTADUAL E FEDERAL

Ano passado fomos pouco mais de 200 e nossa passeata encantou Goiânia e o Brasil. Hoje poderemos ser 2012 ou mais, muito mais, porque temos que vencer o preconceito que nos oprime. E para vence-lo temos que vencer nosso próprio preconceito com a política.

Viva a rua!

Viva o manifesto da arte!

Dia 13 de março, terça feira, às 19 horas, no Centro Cultural Eldorado dos Carajás VAMOS PREPARAR NOSSO 1º DE ABRIL 2012

A SORTE ESTÁ LANÇADA! É UM TEMPO DE GUERRA! É UM TEMPO SEM SOL!

SISTEMA NACIONAL DE CULTURA

Estas informações foram estraídas da Palestra realizada pela Agepel, com a participação de Maurício Dantas da Secretaria de Articulação Institucional do Minc no Centro Cultural Martin Cererê. Aqui estão postados alguns pontos relevantes da Palestra que, eu acredito, serão bastante úteis para nos instruir no novo modelo de Gestão Cultural que será adotado pelas secretarias Estadual e Municipal. Espero que as informações sejam úteis. Um grande abraço!

“O Estado não faz Cultura, quem faz Cultura é a sociedade”.

1 – POLÍTICA NACIONAL DE CULTURA

1.1 – Papel do Estado na Gestão Pública da Cultura:

Formular e executar as políticas públicas de Cultura;

Planejar e fomentar as atividades culturais;

Preservar e valorizar o patrimônio cultural material e imaterial do país;

Estabelecer marcos regulatórios para a economia da cultura;

Garantir o acesso universal aos bens e serviços culturais;

Proteger e promover a diversidade das expressões culturais sempre considerando em primeiro plano o  interesse público  e o respeito à diversidade cultural (Artigos 215 e 216 da Constituição Federal).

1.2 – Os Direitos Culturais como Plataforma de Sustentação da Política Nacional de Cultura de acordo com a ONU/Unesco, são direitos culturais:

Direito à identidade e à diversidade cultural;

Direito à participação na vida cultural:

– direito à livre criação,

– direito à livre fruição,

– direito à livre difusão,

– direito à livre participação nas decisões de política cultural;

Direito autoral;

Direito/dever de cooperação cultural internacional;

2 – SISTEMA NACIONAL DE CULTURA

2.3 –  Princípios do Sistema Nacional de Cultura:

Diversidade das expressões culturais;

Universalização do acesso aos bens e serviços culturais;

Cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes na área da cultura;

Fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais;

Integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e ações desenvolvidas;

Complementaridade nos papéis dos agentes culturais;

Transversalidade das políticas culturais;

Autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil;

Transparência e compartilhamento das informações;

Democratização dos processos decisórios com participação e controle social;

Descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações;

2.4 – Objetivos do Sistema Nacional de Cultura:

Objetivo Geral

Formular e implantar políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da federação e a sociedade civil, promovendo o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais e acesso aos bens e serviços culturais.

Objetivos Específicos

Estabelecer um processo democrático de participação na gestão das políticas e dos recursos públicos na área cultural;

Articular e implementar políticas públicas que promovam a interação da cultura com as demais áreas sociais, destacando seu papel estratégico no processo de desenvolvimento;

Promover o intercâmbio entre os entes federados para a formação, capacitação e circulação de bens e serviços culturais, viabilizando a cooperação técnica entre estes;

Criar instrumentos de gestão para acompanhamento e avaliação das políticas públicas de cultura desenvolvidas no âmbito do Sistema Nacional de Cultura;

Estabelecer parcerias entre os setores público e privado nas áreas de gestão e de promoção da cultura.

3 – ACORDO DE COOPERAÇÃO FEDERATIVA

3.1 – Obrigações do Ministério da Cultura:

Coordenar e desenvolver o Sistema Nacional de Cultura – SNC;

Criar condições de natureza legal, administrativa, participativa e orçamentária para o desenvolvimento do Sistema Nacional de Cultura;

Apoiar a criação, a implementação e o desenvolvimento dos Sistemas Estaduais, Municipais e Distrital de Cultura;

Elaborar , em conjunto com a sociedade, institucionalizar e implementar o Plano Nacional de Cultura;

Manter ativo e fortalecer o Conselho Nacional de Política Cultural;

Realizar, pelo menos a cada quatro anos, as Conferências Nacionais de Cultura;

Apoiar a realização das conferências estaduais, municipais e distrital de Cultura;

Criar e implementar a Comissão Intergestores Tripartite para operacionalização do Sistema Nacional de Cultura;

Implantar e coordenar o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais;

Criar o Sistema Nacional de Financiamento à Cultura, aprimorando, articulando e fortalecendo os diversos mecanismos de financiamento da cultura, em especial, o Fundo Nacional de Cultura, no âmbito da União;

Compartilhar recursos para a execução de programas, projetos e ações culturais, no âmbito do SNC;

Acompanhar a execução de programas e projetos culturais, no âmbito do SNC;

Fomentar e regulamentar a constituição de sistemas setoriais nacionais de cultura;

Fomentar, no que couber, a integração/consorciamento de Estados e Municípios para a promoção de metas culturais;

Designar formalmente um responsável pelo acompanhamento dos compromissos decorrentes do pactuado neste Acordo e em seus Planos de Trabalhos.

3.2 – Obrigações dos Estados:

Criar, coordenar e desenvolver o Sistema Estadual de Cultura – SEC;

Integrar-se ao Sistema Nacional de Cultura;

Criar condições de natureza legal, administrativa, participativa e orçamentária para sua integração ao Sistema Nacional de Cultura;

Criar e implementar a Comissão Intergestores Bipartite para operacionalização do Sistema Estadual de Cultura;

Apoiar a criação, implementação e desenvolvimento dos Sistemas Municipais de Cultura;

Elaborar , em conjunto com a sociedade, institucionalizar e implementar o Plano Estadual de Cultura;

Criar e implantar ou reestruturar o Conselho Estadual de Política Cultural, garantindo o seu funcionamento e a composição de, no mínimo, 50% de representantes da Sociedade Civil, eleitos democraticamente;

Apoiar a realização e participar das Conferências Nacionais de Cultura;

Compartilhar recursos para a execução de programas, de projetos e de ações culturais no âmbito do SNC;

Compartilhar informações por meio do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais disponibilizado pela União;

Implantar e regulamentar as normas específicas locais dos sistemas setoriais de cultura;

Fomentar a participação social por meio da criação de Fóruns Estaduais de Cultura;

Promover a integração com Municípios e a União, para a promoção de metas culturais conjuntas, inclusive por meio de consórcios públicos;

Designar formalmente responsável pelo acompanhamento dos compromissos decorrentes deste acordo e de seus Planos de Trabalho.

3.3 – Obrigações dos Municípios:

Criar, coordenar e desenvolver o Sistema Municipal de Cultura – SMC;

Integrar-se ao Sistema Nacional de Cultura;

Criar condições de natureza legal, administrativa, participativa e orçamentária para sua integração ao Sistema Nacional de Cultura;

Integrar-se ao Sistema Estadual de Cultura;

Elaborar, em conjunto com a sociedade, institucionalizar implementar o Plano Municipal de Cultura;

Criar e implantar ou reestruturar o Conselho Municipal de Política Cultural, garantindo o funcionamento e a composição de, no mínimo, 50% de representantes da Sociedade Civil, eleitos democraticamente;

Criar e implantar, manter ou reestruturar o Sistema Municipal de Financiamento à Cultura, aprimorando, articulando e fortalecendo os diversos mecanismos de financiamento da cultura, em especial, o Fundo Municipal de Cultura, garantindo recursos para o seu funcionamento;

Realizar as Conferências Municipais de Cultura, previamente às Conferências Estaduais e Nacionais, seguindo o calendário estabelecido pelo MinC;

Apoiar a realização e participar das Conferências Estaduais e Nacionais de Cultura;

Compartilhar recursos para a execução de ações, programas e projetos culturais no âmbito do  Sistema Nacional de Cultura;

Compartilhar informações por meio do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais disponibilizado pela União;

Implantar e regulamentar as normas específicas locais dos sistemas setoriais de cultura;

Fomentar a participação social por meio da criação de Fóruns Municipais de Cultura;

Promover a integração com outros Municípios, com o Estado e a União, para a promoção de metas culturais conjuntas, inclusive por meio de consórcios públicos;

Designar formalmente responsável pelo acompanhamento dos compromissos decorrentes deste acordo e de seus Planos de Trabalho.

Divulgação:

Os partícipes do Acordo de Cooperação deverão dar, de forma pública e impessoal, ampla divulgação das ações e dos resultados alcançados, de modo a manter a sociedade informada e integrada ao Sistema Nacional de Cultura de forma ativa;

Utilizar e respeitar os padrões de identidade visual do SNC, de programas, de projetos e de ações desenvolvidas em conjunto, aplicando as regras vigentes durante os períodos eleitorais.

Resultados:

Os compromissos assumidos e as atividades previstas no Plano de Trabalho deverão ser concretizadas até 31 de dezembro de 2011, data final de vigência do Acordo de Cooperação.

Ministério da Cultura

Secretaria de Articulação Institucional – SAI

Coordenadoria Geral de Relações Federativas e Sociedade

blogs.cultura.gov.br/snc/

sai@cultura.gov.br

Tel. (61) 2024-2325 / 2024-2341

Algumas reflexões sobre cultura e seus caminhos em Goiás

via   http://www.betoguerra.com/

por Marcos Amaral Lotufo

Minha compreensão sobre o que é cultura
Cultura é o aspecto da vida social que se relaciona com a produção do saber, arte, folclore, mitologia, costumes, etc., bem como à sua perpetuação pela transmissão de uma geração à outra.
No dia-a-dia das sociedades chamadas civilizadas (especialmente a sociedade ocidental) e no vulgo costuma ser associada à aquisição de conhecimentos e práticas de vida reconhecidas como melhores, superiores, ou seja, erudição; este sentido normalmente se associa ao que é também descrito como “alta cultura”.
Dentro do contexto da Filosofia, a cultura é um conjunto de respostas para melhor satisfazer as necessidades e os desejos humanos. A cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e transmite aos contemporâneos e aos vindouros. A cultura é o resultado dos modos como os diversos grupos humanos foram resolvendo os seus problemas ao longo da história. A cultura é criação. O homem não só recebe a cultura dos seus antepassados como também cria elementos que a renovam. A cultura é um fator de humanização. O homem só se torna homem porque vive no seio de um grupo cultural. A cultura é um sistema de símbolos compartilhados com que se interpreta a realidade e que conferem sentido à vida dos seres humanos.
Corresponde, assim, às formas de organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo.

Cultura e identidade

Na percepção individual ou coletiva da identidade, a cultura exerce papel primordial para delimitar as diversas personalidades, os padrões de conduta e ainda as carcaterísticas próprias de cada grupo humano.
Para o teórico Milton Santos, o conhecimento e saber se renovam do choque de culturas, sendo a produção de novos conhecimentos e técnicas produto direto da interposição de culturas diferenciadas – com o somatório daquilo que anteriormente existia”. Para ele, a globalização que se verificava já em fins do século XX tenderia a uniformizar os grupos culturais, e logicamente uma das conseqüências seria o fim da produção cultural, enquanto gerador de novas técnicas e sua geração original. Isto refletiria, ainda, na perda de identidade, primeiro das coletividades, podendo ir até ao plano individual.
É imperioso que, sem perspectiva imediata de anulação dos efeitos da globalização, cuidemos das nossas manifestações culturais da forma mais incisiva e democrática.
Dois casos
Vou abrir parênteses no texto para exemplificar o que está dito acima:
“Na roça, é cedo ainda. O marido saiu prá roça, lá no boqueirão. Os meninos ainda se lambusam na jacuba e logo eles vão para o ribeirão pescar uma piaba para o almoço enquanto a mulher, depois de pilar o arroz da colheita passada, vai trabalhar o algodão no fuso para tecer a rêde da filha que vai casar. É tempo de Folia de Reis, é tempo de agradecer a chuva e a boa colheita.”
“Na periferia da cidade, é cedo ainda. O marido, fumando um papel de embrulho sai prá porta do mercado caçando uma juquira. Os meninos menores ainda se lambusam na farinha com água; os maiores não carecem porque vão ganhar merenda escolar.
A mulher joga um resto de água no fôgo para aproveitar melhor a lenha e sai para ir lavar a roupa da senhora no ribeirão. Para o almoço, talvez dê para acrescentar uma misturinha ao arroz. ”
Conclusão 1
O homem do campo (o imigrante, o migrante e… e…), de quem a maioria de nós é remanescente, constrói sua casa (que por sinal é perfeitamente adaptada às suas necessidades), conhece as plantas que curam, cuida da criação e da plantação que o alimenta, planta o algodão que vai vestí-lo e demonstra sua alegria, sua tristeza, suas verdades e suas crenças nas festas e rezas que celebra. Ele vive em harmonia com o meio que o acolhe.
Ao ser obrigado a se refugiar na cidade (na busca de escola para os filhos, despejado pelo grileiro, trocado pelas máquinas e por tantos outros motivos ou ainda pelas guerras e… e… ), êle vai morar numa meia água coberta de telhas de fibrocimento e com janelas em caixilho de ferro e vidro por onde passa o calor, não ventila e enferruja. O terreno é pequeno, a casa inadequada e sua enorme bagagem cultural não lhe serve, não é reconhecida e não gera o dinheiro que ele precisa para o aluguel, para a comida, para o uniforme dos meninos, para o remédio etc. Ele perde sua identidade cultural e não lhe é dado tempo e condiçoes para fazer a transposição.
Sem identidade cultural ele fica à mercê daqueles que detêem o poder, perde a autoestima e passa a perseguir valores que não são os seus e seus filhos e sucessores vão encontrar enorme dificuldade para transpor essa barreira, vivendo o conflito; por um lado a cultura e os valores de sua origem e do outro aqueles que lhe são impostos.
A colonização em nosso país, de influência européia no início e mais tarde norteamericana, moldou uma classe dominante que acredita no conceito de cultura que se denomina erudita e não foi capaz de perceber que nós, frutos da soma de diversas culturas superiores, principalmente negro-africana e indígena, somos detentores de riquezas culturais tão grande quanto qualquer outra, e não consegue romper seus preconceitos.
Isso faz com que se supervalorizem manifestações que venham de fora ou que sigam os preceitos da assim chamada cultura erudita e tratem nossas manifestações culturais como curiosidade e como objeto do serviço social e, ao invés de se apoiar as iniciativas lá onde elas ocorrem, traz-se o produto cultural para ser mostrado fora de seu contexto.
O que é “Política Cultural”?
Política denomina-se a orientação ou a atitude de um governo em relação a certos assuntos e problemas de interesse público: política financeira, política educacional, política social, política do café etc.;
Cada administrador público, além de suas convicções pessoais, representa a orientação dada pelo partido pelo qual foi eleito e constante de seu programa. Esse programa porém é genérico e, como as composições de governo congregam vários partidos e consequentemente várias idéias, é de suma importância que fique claro, de início, quais os princípios e ideais que vão nortear sua gestão; é a Política Cultural, quando tratamos das questões culturais.
Com base nesse documento é que vai se desenvolver o Plano de Governo para a área e os projetos que vão possibilitar a realização desse plano. Sobre projetos falaremos adiante.
Como tem sido a atuação dos nossos administradores?
A principal preocupação de nossos governantes tem sido, via de regra, preparar a própria cama e de seu partido para as próximas eleições e, assim, gasta-se mais em propaganda do que na própria obra.
Os planos apresentados à população são genéricos, com termos que ou não dizem nada ou são incomprensíveis e não se desdobram em projetos. A preocupação com a auto-promoção, com o “marketing” pessoal e com a defesa de outros interesses pessoais, faz com que as premissas da propaganda se sobreponham às da comunicação e da cultura e desemboquem em eventos promocionais.
A Política de Eventos
Eventual, segundo o dicionário Aurélio, significa: Que depende de acontecimento incerto; casual, fortuito, acidental. Evento tem a mesma origem e é justamente esse ´acontecimento incerto´ e se define como: “conjunto de atividades profissionais desenvolvidas com o objetivo de alcançar o seu público alvo, através do lançamento de produtos, da apresentação de uma empresa, pessoa ou entidade, visando estabelecer o seu conceito ou recuperar a sua imagem.
A cultura tem se mostrado exelente recurso para e na realização de eventos e têm norteado as administrações que carecem de ações concretas e positivas nos seus mandatos.
Os eventos podem e devem existir quando se está abrindo um programa e se tem garantida a sua continuidade; eles geram fato, chamam a atenção e abrem espectativas mas, se não formos capazes de responder a essa espectativa gerada, temos um fato que joga a população mais e mais na sua insegurança e dependência.
Os eventos podem e devem existir no encerramento de um processo, como forma de avaliação, como celebração de um resultado alcançado caso contrário eles causam alienação e insegurança.
Casos em Goiás e Goiânia
O Governo estadual faz grande alarde de algumas iniciativas na área da cultura, como por exemplo, a maior delas, o Fica (Festival Internacional de Cinema Ambiental). Não se sabe porque o Fica acontece na cidade de Goiás, cidade sem estrutura para projeção de filmes e sem qualquer história nessa arte. O evento atrai muita gente e traz cineastas do mundo todo, gera clima de festa na cidade, e atrai muitos turistas. Estes vão tão somente atrás da agitação e dos shows com artistas conhecidos (e caros) e nem sabem o que está ocorrendo. Os bares e locais ficam cheios e movimentam bastante dinheiro mas são, em sua maioria, comerciantes de Goiânia que se transferem temporariamente para a cidade de Goiás em busca de negócio. Não fica lastro para a cidade e seus habitantes e acaba beneficiando alguns poucos da capital.
O “Canto da Primavera”, o “TenPo” e alguns outros, da mesma forma, beneficiam somente aqueles que já seriam beneficiados de qualquer forma, gastando-se muito e priorisando o ´marketing´ do governador e de sua gestão.
No município igualmente.
As leis de incentivo / a renúncia fiscal etc
Hoje em dia os recursos ao alcance do cidadão, na área da cultura, fora editais de premiação da Funarte se restringem às leis de incentivo nos 3 níveis (Lei Rouanet, federal – Lei Goyazes, estadual – Lei Municipal de Incentivo à Cultura), leis estas que surgiram fruto da resistência de agentes de cultura.
Em nível nacional busca-se, embora de forma ainda muito tímida, uma divisão mais justa dos recursos. De um modo geral todos concorrem em ´igualdade de condições´ juntos, numa mesma panela, sejam entidades e empresas com grande estrutura sejam pequenos grupos ou indivíduos com pouco acesso à informação. Os critérios não são claros e a avaliação, portanto, aleatória sem passar por análises técnica ou de mérito.
Outras fontes de recursos
Foram criados fundos tanto no estado quanto no município de Goiânia que ainda não mostraram a que vieram. Os recursos, quando disponíveis, são aplicados igualmente sem critérios e as leis que os regulamentam são casuísticas e manipuladas pelos dirigentes.
Restam alguns editais do Ministério da Cultura e poucas iniciativas particulares que, da mesma forma, acabam beneficiando aqueles com maior estrutura e nome.
Marketing – Marketing Cultural
Marketing é o conjunto de estratégias e ações que provêem o desenvolvimento, o lançamento e a sustentação de um produto ou serviço no mercado consumidor (Dicionário Novo Aurélio).
O conceito contemporâneo de Marketing engloba a construção de um satisfatório relacionamento a longo prazo do tipo ganha-ganha no qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam. O marketing se originou para atender as necessidades de mercado, mas não está limitado aos bens de consumo. É também amplamente usado para “vender” idéias e programas sociais. Técnicas de marketing são aplicadas em todos os sistemas políticos e em muitos aspectos da vida.
Uma das palavras chaves na era da globalização é `marketing´; marketing pessoal, marketing social, marketing cultural etc. etc. Serve para justificar ações que induzam à compra seja de idéias, produtos e… até programas sociais ou culturais.
Com o pretexto de estar exercitando o marketing social e cumprindo a sua ´responsabilidade social´, empresas e instituições criam fundações e outras organizações da sociedade civil para as quais transferem parcelas dedutíveis dos impostos e contrapartidas do seu fundo de publicidade e desenvolvem programas de qualidade duvidosa. Com esse recurso diminuem os recursos que estariam disponíveis para os projetos culturais independentes.
Não são poucos os casos de administrações públicas que se utilizam do mesmo recurso para a realização de seus eventos, competindo diretamente e de forma desleal com a sociedade. As empresas, à guisa de aumentar suas influências transferem, preferencialmente, suas aplicações para essas entidades ´laranjas´.
Para citar alguns exemplos podemos recorrer ao Goiânia Em Cena – Festival Internacional de Artes Cênicas promovido pela Secretaria Municipal de Cultura em parceria com a Escola de Música e Artes Cênicas da UFG financiado basicamente pela Petrobrás através do Instituto Terceiro Setor (ITS – Rio de Janeiro)) no ano de 2006 e através da Fundação Otavinho Arantes em anos anteriores e o Festcine, produzido com verbas do Fundo Municipal de Cultura, de forma irregular e avançando nos poucos recursos à disposição da população na área da cultura
O caminho das pedras
Para se habilitar a qualquer um desses parcos recursos é necessário se inscrever. Alguns avanços foram conseguidos nesse quesito, entre eles o de que pessoas físicas também podem pleitear verbas.
Para isso é necessária a elaboração de um documento comumente chamado de ‘projeto’ e a anexação de outros comprovantes tais como, no caso das artes cênicas, vídeo integral e sem cortes do espetáculo em questão, gravação de cd na íntegra no caso de gravação musical, etc.
Projeto, o que é isso?
Projetar significa conceber antecipadamente e implica no ato de colecionar informações necessárias e suficientes para a elaboração de um projeto.
“Segundo o Project Management Institute, projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto ou serviço único. Desta forma, um projeto tem início e fim definidos e resulta em um produto ou serviço de alguma forma diferente de todos os outros anteriormente produzidos.
Antes do projeto, é comum ainda que se faça a preparação de um Anteprojeto, que é o estudo preparatório do projeto.”
Ou seja, o projeto deve prever todos os passos necessários para a realização de um intento: tempo, fases, custos materiais e humanos, logística … vejamos:
Projeto básico é o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto do intento, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos:
1. Desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e identificar todos os seus elementos construtivos com clareza;
2. Soluções técnicas gerais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e de realização das obras e montagem;
3. Identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como as especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento;
4. Informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais para a obra;
5. Subsídios para a montagem do plano de gestão da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos e outros dados necessários em cada caso;
6. O orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliado;
7. Previsão de um fundo para eventuais imprevistos (razoável até 10% de variação);
As definições e conceitos aqui apresentados podem e devem ser empregados a quaisquer tipos de projetos.
Projeto é coisa séria
Em Goiás/Goiânia, esses projetos elaborados sem acompanhamento profissional e sem fiscalização técnica têem gerado anomalias que distorcem sua motivação inicial e acabam trazendo mais malefícios do que benefícios.
Projetos – Como são vistos pelos governantes
Para nossos dirigentes o ´projeto´ é uma forma que tem se mostrado bastante eficaz de transferir a responsabilidade pelas ações culturais do município ou estado para as mãos da população.
Os recursos são públicos mas, desde a elaboração dos ´projetos´, passando pela captação dos recursos (impostos) execução do produto até a prestação de contas final, tudo por conta própria ou de terceiros, que criaram agências para ajudar nesse tortuoso caminho e que recebem até 5% do valor orçado.
Projetos – Como são vistos pelos artistas e produtores culturais
Para a população, como já foi dito antes, as leis são praticamente a única fonte, o último reduto onde conseguir apoio para seus intentos.
Sem formação específica, sem apoio oficial e sem assessoria, a elaboração desses ´projetos´ se tornam armadilhas pois são fechados compromissos que dificilmente serão resgatados, pelo menos não sem muita auto exploração e endividamento. Naturalmente o resultado seria ainda melhor se não fosse necessário tanto esforço para cumprir o acordado.
Conclusão 2
Os ‘projetos’ que tenho acompanhado, em sua quase totalidade, não passam de arrazoados bem intensionados com o objetivo de se adequar às condições impostas pelos órgãos financiadores/gestores das verbas públicas. O objetivo é tão somente o de conseguir algum recurso para ajudar na concretização de seus intentos.
Por parte dos artistas e produtores culturais, dada a falta de uma política consistente e, por consequência, editais que contemplem as diversas áreas, modalidades e níveis da cultura, estes ficam sujeitos à única fonte de recursos e competem, todos juntos num grande balaio, pelas migalhas que são obrigados a catar. Como não são projetistas ou empresários, sem contar com qualquer tipo de assessoria, disputam entre grandes e pequenos, entre pessoas físicas e grandes instituições, entre pequenos grupos e entidades organizadas, numa desigualdade enorme, pelas poucas chances que as leis de incentivo lhes garante.
Por parte do órgão público são exigidos uma série de documentos que pouco ou nada dizem mas exalam cheiro de coisa séria. A falta de algum desses documentos é suficiente para a sua exclusão e isso substitui os critérios. Os orçamentos, como não existem critérios qualitativos , são tratados igualmente sem objetividade. Os cortes de valores, então, são aleatórios e as justificativas pouco esclarecedoras.
Quando os chamados ´projetos´ são aprovados o poder público se diz autor de uma série de produtos culturais que vão ser realizados com o sangue, o suor e as lágrimas dos artistas que elaboraram o ´projeto´, copiaram e encadernaram, fizeram gravações, vídeos e extensas justificativas, captaram recursos que são seu por definição, pois são impostos, desenvolveram o produto e prestaram contas. Tudo isso sem que o governo fizesse o menor esforço.
Como pode um projeto para a realização de um espetáculo teatral, por exemplo, omitir os gastos com ensaios, com projetos de figurino, de cenário, de luz ou de divulgação; como pode um projeto deixar de indicar despesas administrativas tais como condução, telefone, aluguel etc.
Uma obra deve começar pelo ante-projeto e este deve deixar claro as intenções, objetivos e metas para que, aprovado em primeira instância possa ser desenvolvido em forma de projeto; aí, caso hajam cortes, estes deverão ser justificados com critérios sérios, que não venham inviabilizar sua execução.
Breve comentário sobre algumas ações no Estado e na Capital
Obras físicas, construções, tanto quanto os eventos, são tratadas de forma totalmente irresponsável. Num momento em que todos os estados se queixam de endividamento, em que a responsabilidade fiscal se tornou uma das principais ferramentas no controle dos gastos públicos, como podemos justificar uma obra como a do Centro Cultural Oscar Niemeyer?
Além dos custos exagerados da obra, os custos permanentes gerados por tal equipamento tanto na sua manutenção quanto no que diz respeito a pessoal, estão além da capacidade do estado. Não bastasse isso, sua localização limita aos possuidores de condução própria a sua frequência. O destino desse centro, assim como o Centro de Convenções é, com certeza, a privatização. Enquanto isso, equipamentos como o Centro Cultural Martim Cererê, o Teatro Inacabado, o Teatro Goiânia, os equipamentos em mãos de particulares ou das universidades são sub ou mal utilizados.
Isto por quê?
Cito fatos que devem ilustrar o texto e servirem de exemplos para tantos outros casos que estão acontecendo simultaneamente e que são do conhecimento de todos.
Isto tudo porque, sem um plano administrativo sério, elaborado por gente séria e competente, sem a elaboração clara, democrática, transparente e objetiva de uma política cultural abrangente, não se pode elaborar um plano que atenda mais do que os interesses pessoais.
Nossa cultura? Nossa cultura vai continuar sendo a deles e nós vamos continuar pobres, miseráveis e excluídos.
Goiânia, março de 2009

lotufo@cultura.com.br

O Dia da Verdade-Manifestação realizada a primeiro de abril de 2011.

Photo: Fabiola Morais

Por Marilia Ribeiro Pereira

Uma manifestação digna de reis e rainhas. De repente, senhores, moças agrupadas, mendigos, andarilhos, até os burgueses em seus carros fechados, até os policiais, todos a um só tempo se transfiguraram com seus mantos reais. Passaram de comandados a comandantes num jogo que podem e devem comandar. Quão extasiados ficaram ao ver uma multidão de gigantes passar, multidão sim pois com suas pernas de pau, narizes de palhaço, tambores, apitos, cartazes, explicativos e com suas poderosas e conscientes vozes: 200 artistas eram na verdade 200 milhões de pessoas representadas naquele arquétipo coletivo. Essas vozes se alternavam cada vez mais indignadas contra a palidez que o governo ousa conduzir a cultura.

Dizemos não a políticas de eventos! Necessitamos de políticas publicas abrangentes disseminadas que ofereçam oportunidade para que a comunidade seja testemunha ocular de obras de arte que possam quiçá realizá-las. Quem esteve presente tomou parte da força arrebatadora que os artistas possuem quando gritam a uma só voz. E ai do governante que não os atender imediatamente e cair postado de joelhos pedindo perdão, pois estes são os representantes espirituais do povo e podem a um só tempo destronar o falso rei.

Será mais simples promover a elite piqui-pieguas do que promover um direito carregado de lutas e anos de dedicação e auto sacrifício. Não somos parentes ou amigos do falso rei, estamos aqui pois empreendemos um processo interminável de autodesenvolvimento coletivo que contribui para o engrandecimento de um povo despertando-os para a procura da verdade de si mesmos. Orientando-os para busca de sua missão de vida, uma missão mais nobre e elevada.

Essa foi a primeira de muitas manifestações que virão pois, como todos sabemos, a vocação do povo brasileiro é avançar e dar milhares de passos a frente. Jamais retroceder, como é o caso da Lei Goyazes que só servia para gatos pingados que tinham fortes ligações políticas e empresariais (e quando se torna um meio mais adequado é cortada pela metade). Nem é difícil responder onde foi e vai esse dinheiro não outorgado. Vai para farra dos bois graúdos que perpetuam a diferença vergonhosa e aviltante entre ricos e pobres deixando nossa gigantesca nação como uma das mais desiguais do mundo.

Na próxima manifestação, deceparemos as cabeças dos falsos reis e colocaremos a do povo!!!!!!!!!!!

Photo: Fabiola Morais